Nos últimos dias, você pode ter visto por aí o termo NFT relacionado à música e ficado confuso tentando entender do que se trata.
A ideia é relativamente nova e vem se popularizando dentro da indústria musical depois que o DJ e produtor 3LAU arrecadou mais de 11 milhões de dólares usando esse recurso, que está diretamente relacionado às criptomoedas e aos blockchains — uma tecnologia que permite registrar de forma confiável e imutável as transações que ocorrem em moedas virtuais, como o Bitcoin.
Em termos literais, NFT é um “non-fungible token”, ou seja, uma espécie de moeda/símbolo não-fungível. A palavra “fungível” é definida como algo que pode ser substituído por outra coisa de mesma espécie, qualidade, quantidade e valor. Isso significa, por exemplo, que as moedas que usamos no dia-a-dia são fungíveis: um real pode ser trocado por um real, um dólar pode ser trocado por um dólar.
Por outro lado, outros bens e recursos não funcionam da mesma forma. É o caso de instrumentos musicais, por exemplo: uma guitarra Fender Stratocaster não tem o mesmo valor de uma Gibson Les Paul, ainda que ambas cumpram (de certa forma) a mesma função. Justamente por isso, são considerados bens “não-fungíveis”.
NFT na música
Na música, o que tem acontecido na prática é o acesso exclusivo a alguns materiais raros e/ou desenvolvidos especialmente para serem vendidos dessa forma. No caso de 3LAU, como conta a Stereogum, alguns dos compradores adquiriram “produtos” como o direito de gravar uma música com ele (por “apenas” 3 milhões de dólares) e a gravação original do disco Ultraviolet (2018).
O caso é ótimo para análise do que representa, de fato, essa tecnologia. Ultraviolet não é um disco raro ou qualquer coisa do tipo; ele está disponível em todas as plataformas de streaming e a edição NFT não tem nada além do que aparece nos serviços.
Ainda assim, ser o único dono das gravações originais é o tipo de coisa que pode ser apelativa para alguns fãs. Seja pela paixão pela música em si ou pelo direito de se gabar que vem com a exclusividade, quem sai lucrando com toda essa história é o artista, que também arrecadou 3 milhões de dólares nessa venda.
Bom, pelo menos inicialmente. Como explica a Rolling Stone, o NFT funciona como uma espécie de ação da bolsa de valores, de forma que graças à transparência e disponibilidade de acesso dos blockchains é possível renegociá-los e agir como se fosse um grande investimento.
Naturalmente, esse recurso vem com polêmicas e divide opiniões.
Enquanto alguns dizem que o NFT chega para basicamente transformar o mercado da música e da arte em geral em um mercado onde pessoas muito ricas podem (também) dominar algo que era acessível democraticamente, outros enxergam uma nova valorização da arte sem prejudicar a experiência inicial — como no caso de 3LAU, cujo disco segue disponível para audição no formato normal, mas as masters agora têm um único dono.
A discussão remete bastante ao que vem acontecendo na indústria da moda, com os famigerados drops de marcas como Supreme e Yeezy. Roupas que muitas vezes não são vistas pela população geral como interessantes ganham preços exorbitantes devido à sua exclusividade, transformando algo simples em uma arte de valor inestimável e único.
O fato é que usar uma tecnologia como a de criptomoedas para isso ajuda a reviver o conceito de escassez que tornou a arte “convencional” tão valiosa. Da mesma forma que um quadro de Picasso ou Van Gogh vale milhões por sua exclusividade, uma música ou uma arte exclusiva negociada como NFT pode repetir esse conceito de maneira digital graças à tecnologia que o protege e o torna único.
Em breve postaremos mais matérias e notícias relacionadas à NFTs e Música, se gostou do assunto fique atento ao nosso site!
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