A História da Banana’s Maxi Disco, a Mítica Discoteca de El Romaní que Continua à Venda
- Dj Music Mag
- 26 de jan.
- 6 min de leitura

Para conhecer a história da Banana’s Maxi Disco, hoje em ruínas e tomada pela vegetação (muitos ainda a reconhecem ao passar pela rodovia AP-7), é necessário voltar alguns anos no tempo até suas origens.
Tudo começou no final dos anos 1970, em plena região agrícola de El Romaní, na pedania de Sollana, perto da Sèquia del Romaní, na estrada do Molí. Naquela época, foi inaugurada uma sala de festas chamada Galaxy, que logo passou a se chamar Galaxy 2002. Porém, somente em 17 de setembro de 1982, durante a era de ouro da festa valenciana, o local abriu com um novo nome e conceito: Palace (ou Macro Disco Palace), dando início a uma nova fase que marcaria a cena.
Depois de passar por mais mudanças de nome e gestão, na primavera de 1987 (ou possivelmente 1989, segundo algumas fontes), a discoteca finalmente assumiu a identidade pela qual é mais conhecida: Banana’s Maxi Disco. Nos últimos anos, também foi chamada de Banana’s World Music, especialmente após sua reabertura em maio de 2009, até o fechamento definitivo.

O sucesso da Banana’s Maxi Disco residia, principalmente, na sua grande capacidade de organização e no excelente desempenho da sua equipe, incluindo o time de relações públicas, funcionários da casa, seguranças, dançarinos e DJs. Além disso, as festas inesquecíveis e a presença de celebridades que frequentavam o local contribuíram para sua fama. No espaço, chegaram a ser realizados diversos concursos, como certames de Miss. Outro destaque era sua impressionante capacidade de público, com relatos de que acomodava entre 7.000 e 9.000 pessoas no interior (números que parecem exagerados) e até 15.000 nos estacionamentos, que frequentemente alagavam quando chovia e acabavam sendo palco de festas improvisadas com grandes encontros.
A Banana’s foi adaptando e melhorando diversos aspectos para atrair o público. Um deles foi a renovação das pistas de dança internas, criando ambientes mais agradáveis e confortáveis. Outro destaque foi a ampliação do terraço-jardim, que o transformou em um dos espaços mais atraentes e impressionantes entre as discotecas da época. No terraço-jardim, eram organizadas festas de todos os tipos, contando com palco, camarins, passarela, piscinas, entre outros. Foi ali que aconteceram alguns dos eventos mais importantes do local, como os concursos de Miss Valencia e Miss Comunidade Valenciana, além de inúmeros festivais promovidos por rádios nacionais renomadas.
Esses eventos sempre contaram com a presença de figuras marcantes do mundo do entretenimento, da moda, da sociedade, e até do esporte, consolidando o espaço como um ícone da vida noturna da região.

No que diz respeito ao estilo musical, a Banana’s contava com uma pista de techno ou makina (a famosa pista de "remember", que em seus primórdios também abrigava pop-rock nacional, até que a iluminação, decoração e sistema de som foram completamente renovados), além da chamada “pista de pachanga” ou comercial, e a pista festa, todas sendo constantemente renovadas e adaptadas aos novos estilos musicais ou às diferentes fases, como o after dos domingos do Friend’s (e, claro, muitos de nós ainda lembramos do icônico Krystal Garden). No auge, a discoteca chegou a ter 5 pistas no total.
Centenas de DJs de diferentes estilos passaram por suas cabines ao longo dos anos. Entre os residentes, destacaram-se nomes como Vicente Ferrer, Pablo (o primeiro DJ), Alex Selfa (DJ do Krystal Garden), Rafa Marco (DJ da pista comercial), Patt Brown (também da pista comercial), Charo Campillos (que trabalhou no Palace), José David Martínez (DJ da caverna Remember), Paco Robles, Ernesto, Joel Muñoz, Jaijon, Iván Sanz, Javi Palmero, Paco Banaclocha, além dos DJs lendários do Friend’s (Nacho Penades, Eddu Reig, Salva Cotanda, Paco Cuevas, Richard Paris…). Muitos outros fizeram parte dessa história, e pedimos desculpas por não conseguir mencionar todos.
Mas atenção: o sucesso da Banana’s Maxi-Disco também se deve a vários diferenciais que outras discotecas não ofereciam. Um deles era o chamado “disco-trem” ou “trem bananeiro”, um trem pioneiro (com serviço de limpeza) que saía diretamente da Estação do Norte de Valência até a parada de El Romaní, a pequena aldeia de Sollana com cerca de 300 habitantes onde a discoteca estava localizada. A cada fim de semana, o local era invadido por uma multidão de pessoas em busca de diversão. Esse trem foi implementado para facilitar o acesso à discoteca e evitar que muitos utilizassem carros, especialmente por conta dos inúmeros controles policiais, que às vezes estavam posicionados logo na saída do estacionamento.
A discoteca recebia grupos de amigos, casais, aniversários, despedidas de solteiro, eventos e todo tipo de pessoas que queriam curtir uma noite de festa em um lugar que, por muitos anos, foi a rainha da vida noturna. A Banana’s era presença obrigatória nos calendários de festivais ou revistas de discotecas da época, como a famosa “La Cartelera” do jornal Levante-EMV.
Muitos que visitaram a discoteca de El Romaní ainda se lembram de alguns de seus espaços icônicos, como a cúpula de vidro ou a lendária piscina, onde mais de uma pessoa, em algum momento, decidiu se jogar (muitas vezes com roupa e tudo), voltando para casa encharcada.

Além disso, havia outros elementos que, embora não mencionemos neste artigo, muitos certamente lembrarão pelas típicas brincadeiras da época. Quem não se lembra das longas filas para entrar e dos gogós animando as pessoas no estacionamento? E o chamado Besódromo? Em uma área da discoteca, onde havia uma passarela, era realizado um espetáculo idealizado por um senhor chamado Eduard (de Barcelona), no qual, geralmente, as pessoas dançavam diante do público que estava na fila, sendo que o prêmio era um beijo ou outras surpresas – tudo isso em troca de uma pequena quantia simbólica de dinheiro.
A estrutura com paredes de vidro ou os grandes holofotes (visíveis a quilômetros de distância, antes mesmo de chegar à discoteca) eram marcas registradas que diferenciavam a Banana’s Maxi-Disco de qualquer outra discoteca.
Mas, como todos sabem, na noite valenciana, tudo tem um fim. Em muitos artigos de imprensa, alguns até com declarações do então prefeito de Sollana, Vicent Codoñer (como no texto O Futuro Industrial de El Romaní), é mencionado que a superlotação e os transtornos causados pelos frequentadores da discoteca aos moradores da pedania acabaram levando o Ayuntamiento de Sollana a tomar providências. Após uma mobilização dos moradores, a discoteca foi definitivamente fechada no final de 2013, quando o Ayuntamiento retirou sua licença de funcionamento devido a uma dívida de cerca de 20.000 euros.
No entanto, a verdade é que a discoteca já havia morrido antes mesmo de ser encerrada oficialmente. E por quê? Porque ninguém quer arriscar pegar o carro e enfrentar controles de alcoolemia na estrada quando é possível ir a uma discoteca na capital ou mais próxima de casa. Dessa forma, não era rentável para os empresários manterem o local aberto ou investirem nele. Essa, meus amigos, é a verdadeira realidade.
A seguir, um vídeo de 2015 e outro de 2020 mostrando o estado do local.
Podem ver mais de 200 fotos das festas do Banana’s em Bananas Maxi Disco no final dos anos noventa – Levante-EMV.
Nos últimos anos, o estacionamento do Banana’s e a discoteca se transformaram em um dos melhores campos de airsoft da Comunidade Valenciana (alguns dizem que é um dos melhores da Espanha). Trata-se de um campo estilo CQB muito bem elaborado (com áreas internas, externas, distâncias curtas, médias e longas, túneis, etc.), oferecendo uma experiência única para familiares e amigos. Durante a crise sanitária, em 2021, foi cenário da série Paraíso, da Movistar, que renomeou a sala com o mesmo nome da série. O campo de airsoft continua ativo, e pode ser visitado mediante reserva prévia (informações disponíveis no telefone do Google Maps).
Desde março de 2024, o portal Mies Inmobiliaria colocou à venda a discoteca por 2.850.000 euros, através dos links MIES INMOBILIARIA VENDE BANANAS ou MIES INMOBILIARIA VENDE BANANAS 2, com a seguinte descrição (vale ressaltar que não é a primeira vez que essa discoteca está à venda):
“Discoteca BANANAS Maxi Disco”. MACRODISCOTECA DA MOVIDA VALENCIANA, em El Romaní – Sollana, Valência.Foi uma das discotecas mais emblemáticas de Valência, recebendo até 9.000 pessoas no interior e 15.000 no estacionamento. Contava com três salas, incluindo um grande jardim, e uma característica fachada de vidro que a tornava facilmente reconhecível.Este ícone da movida está disponível para venda, aguardando renascer e entrar em funcionamento novamente. Atualmente, sem licença. Possui 1.407m² para espetáculos, 22m² de escritório, 795m² de armazém, 284m² de área esportiva, totalizando 2.498m² construídos (segundo a referência cadastral) e 30.980m² de terreno.Edifício de três andares, destinado a um complexo de lazer e restaurante, composto por semi-subsolo, piso principal e mezaninos. Apresenta um grande potencial como edifício voltado para o entretenimento e hotelaria. Com um nome icônico que evoca, para milhares de pessoas, a época de ouro das discotecas na Comunidade Valenciana.Por mandato expresso do proprietário, comercializamos este imóvel mediante contrato de exclusiva ou multiexclusiva, pelo qual várias agências colaboradoras, nacionais e internacionais, oferecem este imóvel aos potenciais compradores, garantindo um serviço de qualidade, com um trato fácil, simples e sem interferências de terceiros.Por este motivo, pedimos gentilmente que não incomodem o proprietário, os ocupantes da propriedade, os vizinhos ou qualquer responsável pelo edifício ou urbanização, caso existam. Muito obrigado pela compreensão.A descrição do presente imóvel e as imagens são apresentadas a título informativo, sem caráter contratual, podendo ser alteradas pela agência imobiliária sem que isso implique qualquer responsabilidade perante terceiros. O preço indicado não inclui impostos, honorários ou custos de escritura.
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